terça-feira, 18 de maio de 2010

Ser humano doutrinado

O conceito de organização originada pelo fordismo, modificou a prática das relações sociais, com ele houve a transformação da divisão de trabalho, separando as pessoas entre as que sabem e dão as ordens e as que executam o trabalho, cumprindo as mesmas. Essa forma de divisão não se limitou as relações de trabalho, foi além alastrando-se por toda a sociedade, modificando assim a forma das pessoas se relacionarem, classificando também os indivíduos fora do trabalho, entre os competentes - que possuem poder aquisitivo, influencia e status- e a classe do proletariado que não possue valor significativo, apenas o de produzir. Esse tipo de ideologia acorrentou o ser humano ao trabalho, fazendo com que se acredite que a vida feliz só será alcançada com o trabalho, ou seja sua felicidade depende de sua capacidade para executar ordens e ter utilidade, como uma máquina especializada.
Uma vida plena para o ser humano é estar em um emprego bem reconhecido e bem remunerado e poder consumir para satisfazer seus desejos, e como essa idéia tomou forma e a força que possui, pode ser explicado devido aos apelos industriais para movimentar a grande roda do capitalismo, e a idéia de consumo nos faz acreditar que tudo pode ser consumido e que se não servir para consumo pode ser substituido ou até mesmo jogado fora, contudo essa forma de pensamento se reflete no modo como se consome os recursos de nosso planeta, as massas se apoderam de todas as coisas, modificam ambientes.
Para a sociedade capitalista manter-se no domínio das relações humanas, é necessário doutrinar o ser humano e limitá-lo a um conhecimento fragmentado, assim sendo gera-se uma certa dificuldade por parte das massas em tomar decisões, e a máquina social encontra nessa fragilidade proposital, a maneira de direcionar a visão da humanidade para onde se deseja.
Os meios de doutrinação são utilizados através do ensino fragmentado, separando as disciplinas escolares, tornando difícil o pensamento em totalidade. A reforma do ensino defendida por Edgar Morin, propõe o aprendizado de forma totalizadora, multidisciplinar em que se possa dar ao futuro cidadão, condições de conexão entre as disciplinas, construindo assim uma educação pluralista, democrática e a garantia de visão diferenciada pelas futuras gerações.
Os saberes separados, ou seja unidisciplinares, capacitam os indivíduos para disciplinas especializadas, contudo torna-os incapazes de resolver os problemas multidimensionais e de diferentes complexidades, simplesmente devido ao fato dessas situações impossibilitarem a realização de fragmentação, ou seja, o problema deve ser encarado e resolvido de forma planetária, não se pode resolver a problematização de uma única disciplina uma vez que estão todas interligadas e fazem parte do todo.
A mídia decide o que deve-se comer, vestir, que lingua falar, em quem votar e até mesmo a religião que se deve seguir, somos bombardeados por livros de auto ajuda que nos garantem que não sabemos lidar com problemas e não somos capazes nem sequer de dominarmos nossas emoções, e o mais incrível é que valoriza-sa muito quem detém esse tipo de informação.
Somos comandados pela mídia e estamos sendo abduzidos todos os dias, levados a lugares distantes dos acontecimentos e dos problemas sociais, presos na redoma do capitalismo, como em uma caixa de formigas.
O ser humano não pode mais enxergar os fenômenos como fato isolado, pois estamos conectados, somos parte do todo que nos cerca, uma ação praticada desencadeia outras ações, interligando e interrelacionando os acontecimentos, transformando-os em situações novas, se renovando a cada dia em uma teia, é necessário a reforma do pensamento, pensamento global, solidariedade, estar ciente da importancia da preservação para que se continuar existindo.
As massas são dominadas por um poder horizontal, embora sejam cientes do que necessitam não são ouvidas, por isso sentem a necessidade de eleger um representante para falar por elas, contudo nem sempre esses representantes são os mais indicados para ansiarem esse poder.
Se faz necessário uma mudança na forma em que se encara as relações com o todo, ou seja, com o ambiente onde estamos inseridos, compreender a complexidade das relações inter e transdisciplinares e a importância de se fazer valer de uma mudança interior, começando a tranformação de dentro para fora, o que não serve deve ser remodelado, sendo transformado em algo novo, reciclando não somente materiais, assunto tão na moda atualmente, mas reciclar modos de resolver problemas, afinal todas as decisões vão representar algo na vida de outrém.
As vontades do homem não mais podem se sobrepor aos do planeta, saber mais nos afasta cada vez mais do conhecimento natural. O capitalismo como efeito nas pessoas exige resultados para o momento, o agora e as conexões são o inverso, fazem o homen pensar em suas gerações futuras, em o quanto suas ações podem transformar o ambiente futuro.

Lizandra Karina Morini - Turismo II

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