terça-feira, 18 de maio de 2010

André Augusto Calmo

As Relações ,Conexões e Ilusões

Pode-se começar este texto de infinitas maneiras, desenvolve-lo em inúmeras direções, e terminá-lo apenas com um ponto; Na verdade textos como este provavelmente nunca tenham um ponto final verdadeiro, aquele que se coloca quando não há mais nada a acrescentar sobre o assunto.

Começaremos talvez com “tudo”ou um “todo”, mas o que seria o “todo”?. Seria apenas a ausência de uma “parte”, um nada?. com certeza o “todo” é tão abstrato quanto a “parte”,e possivelmente o “nada” venha a ser muito mais complexo que qualquer “tudo”.Então seria mais lógico começar com o “nada” e chegar ao “tudo”, talvez assim entendendo as partes, seja o caminho mais lógico pra chegar,ao “todo” que somos, e ou , que achamos que somos.

Será que somos simplesmente o produto de um ato biológico, nem sempre sexual, pois às vezes somos injetados dentro de um útero, e possivelmente, dentro de alguns anos nem útero seja realmente necessário,não importa, mas à partir desse momento deixamos de ser uma simples idéia, ou, uma possibilidade para transformarmo-nos no nosso primeiro “todo”, o “todo” que somos, talvez o “tudo” de outra pessoa, como a mãe por exemplo.

O nosso “tudo” ainda é quase “nada”, pois somos frágeis, não decidimos coisa alguma, e quase nem podemos interferir em nosso mundo .neste momento já nos tornamos parte de alguma coisa, que não temos nem idéia do que é, Porém nesta fase organizada já temos tudo que precisamos, alimento, calor, oxigênio, vida. Sim ! estamos na tão famosa zona de conforto.

Nela tudo parece maravilhoso,não nos preocupamos com nada, tudo é fácil, estamos dentro da organização, mas logo esse mundo encolhe, nos aperta e num ato tão brusco, quase violento somos arrancados de nosso mundo; de nossa zona de conforto, inconscientemente percebemos que o mundo não encolheu e sim nós começamos a crescer, vem uma luz nos cega, o oxigênio chega a faltar, nosso corpo não entende o que acontece; dor, fome, coisas que nunca tinham acontecido antes. Ora! se estávamos no paraíso agora então nos jogaram no inferno, gritamos, chutamos, choramos, chegamos a nós desesperar,neste momento caímos numa desordem aí, como num passe de mágica, sentimos um cheiro que nos acalma, não sabemos o que acontece, mas sentimos que não é tão ruim assim, e com certeza não é o inferno, apenas chegamos a um mundo diferente, e ao qual, iremos permanecer durante o resto de nossas vidas.

Com o passar do tempo aprendemos a sentar, andar, falar e até correr, acreditamos que somos invencíveis,nesta fase é onde evoluímos muito, tudo é maravilhoso novamente. Mas vem as primeiras broncas e brigas do pai e da mãe, descobrimos então, que tudo aquilo que podemos fazer, é como uma gota d’agua num oceano de coisas que não se pode fazer, novamente o “tudo” se torna quase “nada”, descobrimos que sempre temos algo a seguir, fazemos parte de uma sociedade autoritária, onde somos reprimidos por todos os lados , sempre existe alguém que manda ou impõe comportamentos nos cobra , espera ações sempre passivas.

Como reagimos?

Claro, novamente nos adaptamos e seguimos as regras do jogo, percorremos os caminhos que nos são colocados à frente, sem pensar nem questionar fazemos o que nos mandam, fazemos, o que é “certo”.

Mas o que é certo? ou errado?

Se todos são diferentes como pode haver apenas certo e errado?

O certo de alguns pode ser o errado de outros!

Logo depois iniciamos nossa vida acadêmica, nosso mundo ao contrário de antes, cresce cada dia mais, interagimos cada dia com mais pessoas, pessoas diferentes, costumes diferentes, cria-se inúmeras conexões com pessoas e lugares, ensinamos pouco ,aprendemos muito, uma nova fase evolutiva foi certamente iniciada. Começamos a ver realmente como somos apenas parte de um todo. Novas broncas, novas regras no velho jogo de sempre , que não temos nem sabemos como parar.Não nos damos conta de todo o processo que passamos até a chegar naquele momento, onde existiu a desordem para haver evolução, seguimos nossas de olhos vendados .

Tão certo quanto o nascer do sol somos apresentados a Coca-Cola, a Nike, o Macdonald’s e muitos outros , nos dizem que é bom;que é certo , depois de algum tempo nos dizem que não presta, que faz mal.

Tudo nos chega pronto, não precisamos mais pensar, apenas seguir dentro do sistema, novamente não escolhemos coisa alguma, como uma máquina, cada peça no seu lugar, tendo uma função,novamente apenas uma parte de um todo,do mesmo modo como acontece num formigueiro, cada formiguinha faz o que lhe é imposto sem questionar,cada formiga é uma especialista , uma só corta , outra só carrega as folhas, outra ainda é guerreira que cuida dos interesses comuns do formigueiro, apenas nascer, seguir as regras ou funções e morrer e é assim que também nos é passado, o modo como funciona a vida, ou a sociedade.a especialidade não deixa que as formigas vejam o “todo”, isso as deixa cegas as impede de ver o global, assim como nós. Se uma formiguinha parasse e por alguns minutos pensasse, logo seria morta, pois não lugar pra pensadores,eles não querem criar desordem dentro deste sistema.

Ora!

Porque estamos aqui?

Porque escrevo este texto?

Podemos mudar o mundo?

Porque o mundo todo toma Coca-Cola?

A linha que agora separa o certo e o errado, parece ficar cada vez mais fina. O que acontecerá se eu achar que não existe certo ou errado?

A desordem parece estar dentro da mente não importa mais como são as regras , nem quem detém o poder e se a formiguinha parar pra pensar?

Com certeza seremos julgados e condenados, a no mínimo, o exílio do sistema. O engraçado é que tanto o sistema, quanto o formigueiro não existiriam se não fossem as formigas,todo o formigueiro é um rizoma, logo, são as formigas que detém o poder ,mas não se dão conta disso.

Que incrível poder é este que nos mantém alienados sem usar nenhum tipo físico de corda ou corrente?

Esta é a ideologia que move o mundo desde muito tempo, mudam, personagens, mudam algumas regras mas a estrutura patronal é a mesma de tanto tempo atrás. E dentro do fenômeno que é o turismo não é diferente existem ideologias que fazem e desenvolvem o turismo ou poderia dizer fazem ou moldam o turista , a massificação do turismo é um processo autofágico que se não for contido ou transformado radicalmente , tende a ser uma ameaça a todo o planeta, desde a camada de ozônio até a samambaia da nossa avó que fica no quintal, do pólo norte até o fundo do mar , desde a formiguinha até o presidente de um país. Existem países onde esta política é adotada como em alguns países da Europa , onde é comum jovens freqüentarem museus ou bibliotecas, mesmo estando em pleno século XXI onde a internet é uma ferramenta cada vez mais utilizada e muitos acervos já disponíveis digitalmente ,porque este tipo de turismo é muito mais forte do que é aqui ?, com certeza por falta de incentivos por parte dos políticos que não querem a formiguinha pensando. Não estão interessados em cabeças bem feitas e sim em cabeças bem cheias, tão cheias que não consigam construir a desordem nem em suas mentes. Não são donos nem dos próprios nossos sonhos, sonhamos com coisas tão pequenas e manipuladas que com certeza fariam os pais do conhecimento, pensadores e filósofos de outrora, sendo esses os primeiros políticos conhecidos, chorarem lagrimas de sangue.

Falar de política num país em que quase nenhuma formiga lembra em quem votou na última eleição, ou, que vendeu seu voto por uma cesta básica, ou algum favor qualquer, não me parece nada motivador;

Mas se acreditarmos que para poder mudar o mundo, primeiro devemos arrumar nossa casa,e criar a desordem dentro de nós mesmos para que possamos nos tornar pessoas melhores, aí sim, começará a revolução que fará brotar novamente, a semente da esperança dentro desse sistema cruel.

Para isso não podemos jamais permanecer na zona de conforto,ou na organização, pois quando estamos estacionados lá , o músculo que usamos para pensar se atrofia e logo,sofremos uma diarréia mental, e automaticamente ficaremos escravos do sistema novamente.

Como foi dito no começo, este texto poderia tomar inúmeros rumos, e jamais teria um fim conciso ou concreto, embora acredito ter conseguido transmitir claramente alguns pensamentos, com a simplicidade de uma formiguinha e a complexidade de um político;

Deixo também algumas frases para reflexão, que não são de minha autoria, mas refletem bem o transcorrer do texto.

*Eduquemos bem nossas crianças, para que não precisemos punir os adultos!

*Penso, logo, existo!

*Existo, logo, tomo Coca-Cola!

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