quarta-feira, 19 de maio de 2010

Conexões entre os textos

A ideologia burguesa detinha um pensamento de caráter legislador, ou seja, impunha normas a sociedades, dizendo quem eram os possuidores do saber e do poder (pai, patrão, professor, cientista, governantes) e responsáveis pelo ordem social. Para a burguesia eram somente os possuidores dos saber que sabiam o que era bom e mal para a sociedade. Se antes, a ideologia burguesa afirmava que os agentes sociais (pai, patrão, professor, cientista, governantes) possuiam o poder e presumia que eles também sabiam comandar a sociedade, com a industrialização e modernização das empresas, estas através da divisão social do trabalho passam a ideia de que há aqueles que possui competência para dirigir, administrar e aqueles que só sabem cumprir tarefas, resumindo naqueles que pensam e não pensam.
O discurso da competência privatizada nos ensina que temos que ceder nosso conhecimento aos especialistas, ou seja, aqueles que pensam por nós, pois ideologicamente não somos capazes de pensar. Segundo Marilena Chauí, (2001, p.106), “o discurso da competência privatizada é aquele que ensina a cada um de nós, enquantos indivíduos privados ( e não enquantos sujeitos sociais), como nos relacionarmos com o mundo e com os outros. Esse ensino é feito por especialistas que nos ensinam a viver. Assim, cada um de nós aprende a relacionar-se com o desejo pela medição do discurso da sexologia, a relacionar-se com a alimentação pela mediação do discurso da dietética ou nutricionista, a relacionar-se com a criança por meio do discurso da pediatria, da psicologia e da pedagogia, a relacionar-se com a Natureza pela mediação do discurso ecológico, a relacionar-se com os outros pela mediação do discurso da psicologia e da sociologia, e assim por diante. Isso explica a proliferação dos livros de ‘auto-ajuda’, os programas de conselhos pelo rádio e pela televisão, bem como os programas em que especialistas nos ensinam jardinagem, culinária,maternidade, paternidade, sucesso no trabalho e no amor. Esse discurso competente exige que interiorizemos suas regras e valores, se não quisermos ser considerados lixo e detrito. Estes especialistas nos guiam na forma de viver e hoje “mais do que nunca” (como diz o Faustão) somos comandados por programas de TV que nos ensinam como emagrecer com saúde. Quero salientar que as causas do excesso de gordura está na quantidade de alimentos entalatados que comemos diariamente. A Ana Maria Braga nos ensina a comer prazerosamente e com etiqueta. Além do mais dentro de uma cozinha super moderna, porém é fato que esta cozinha está presente somente nos lares dos possuidores do saber. Contudo, há um ciclo vicioso nesta jogada, a indústria alimentícia através da propaganda nos prepara um banquete delicioso, consequentemente ganhamos massa corporal, daí ganhamos mais massa corporal, mais massa... daí vem a ideologia do bem estar e da moda e diz que temos que ser magros, musculosos e corpo sarado. Em seguida recorremos a TV com seus produtos milagrosos de emagrecimento, compramos, e depois de um tempo tornamos a comprar os enlatados, fechando o ciclo.

Fazendo uma analogia entre o texto “Os intelectuais e o poder” com o texto “Trabalho e alienação” (estudado no primeiro ano de turismo) percebo que a ideia de haver aqueles que pensam e aqueles que fazem advém do pensamento de Platão. Segundo ele e a Antiguidade Grega, o trabalho braçal era desvalorizado, ou seja, aqueles que somente executam não gozavam de nenhum prestígio. Haviam os seus súditos e pensadores, que eram valorizados, possuíam o tempo livre e gozavam de tempo para a contemplação das idéias. Esta era uma atividade teórica muito digna, pois recorre a essência fundamental de todo ser racional, o pensamento. Segundo Edgar Morin (1999 p.22), “o desenvolvimento da inteligência geral requer que seu exercício seja ligado à dúvida, fermento de toda atividade crítica, que, como assinala Juan de Mairena, permite ‘repensar o pensamento’”.

Indo para a era da Revolução Industrial, instituiu-se a produção em série, as máquinas e os trabalhadores. A produção em série nada mais é que estabelecer uma conexão entre as diferentes fases do processo produtivo, e estabelecer também o que cada funcionário produzirá em cada fase. Logo este não tem visão completa daquilo que está produzindo, muito menos o destino final do produto. Segundo “Princípio de conexão: qualquer ponto de um rizoma pode ser/estar conectado a qualquer outro; no paradigma arbóreo, as relações entre pontos precisam ser sempre mediatizadas obedecendo a uma determinada hierarquia e segundo uma “ordem intrínseca” Os possuidores do saber aniquilaram o pensamento dos funcionários, que antes eram manufatureiros e tiveram que deixar suas casas e toda sua criatividade, para trabalhar alienado, desprovido do saber e do pensamento. Eram vistos como uma máquina comandando outra máquina.

As escolas, principalmente as públicas, estão desatualizadas em relação ao ideal de aprendizado. Essas instituições de ensino não estimulam os alunos a questionarem, a ir além daquilo que se ensina. Tudo é dado pronto e acabado, cabendo ao aluno apenas receber as informações. Segundo Michel Foucault (2004 p.72) “Se as crianças conseguissem que seu protestos, ou simplesmente suas questões fossem ouvidas em uma escola maternal, isso seria o bastante para explodir o conjunto do sistema de ensino. Na verdade, esse sistema em que vivemos nada pode suportar: daí sua fragilidade radical em cada ponto, ao mesmo tempo que sua força global de repressão”. Um outro problema é falta de interdisciplinaridade, ou seja, a falta de ligação entre as disciplinas, o que favoreceria uma melhor compreensão, visto que todos os descobrimentos e evolução humana são conseqüências de fatos históricos. Por exemplo, como pode uma professora de matemática, ensinar cálculos sem mostrar ao aluno a origem desta área do saber, que certamente existe fatos históricos na filosofia e certamente daria uma melhor compreensão ao aluno, bem como maior interesse em aprender. O questionamento sobre a vida, análise precisa dos fatos, a desmistificação, o pensamento apurado, é capaz de propor uma reorganização, o chamado “ordem e desordem” proposto em “A cabeça bem feita” em que somos estimulados a refazer, a reconstruir, a conhecer o todo e as partes e propor mudanças. Fazendo uma análise de um fato real, percebo que durante meus estudos no ensino fundamental e médio os professores não faziam conexões entre as disciplinas, mesmo porque no planejamento pedagógico não havia tal proposta. Novamente os possuidores do saber, os intelectuais (Estado) não nos proporcionava o questionamento, a crítica construtiva, a mudança, pois isso seria perigoso, causaria revolução e perda do poder absoluto do Estado. É mais conveniente deixar a população desprovida do saber e do questionamento. A música “Another brick in the wall” de Pink Floyd relata a manipulação sofrida por alunos e a imposição das autoridades sobre eles. Lançado em 1979 no álbum “The Wall”, o clipe mostra um professor autoritário que repreende fortemente seus alunos, dando a estes uma produção em série de pensamento, ou seja, uma opinião formada e inquestionável. Atualmente, sabemos da deficiência educacional das escolas, porém também é fato que os problemas sociais refletem no aprendizado. Vemos crianças e jovens revoltados, destituídos de lares familiares e carente de amor e compreensão. O capitalismo destrói os lares familiares ao cobrar produção, produção e resultado, ocupando tempo de pais e mães que já não educam adequadamente seus filhos, e isto reflete na escola. No dia 11/05/2010 segundo o noticiário, uma aluna entrou com uma faca na escola “Ariovaldo da Fonseca” em Ibitinga. Ela queria atingir um professor do qual não gostava. Vemos que o sistema (Estado,família, escola) está comprometido, não somente uma unidade (escola).

No turismo, existe dois tipos de turista: o de massa e o de vanguarda. São turistas com características distintas. O primeiro prefere lugares agitados, badalados como praias por exemplo. São motivados pelo modismo, ou seja, o destino turístico da moda, do qual a mídia se encarrega se divulgar maciçamente, persuadindo o consumidor de que “só falta ele pra conhecer”. Para este tipo de turista não importa muito o contexto, fatos históricos, cultura, mas sim o simples prazer de curtir tal lugar ou não lugar. Já o turista de vanguarda é um tipo de público mais preocupado com as questões históricas, sociais e culturais do lugar. Vão em busca de conhecimento e algo que os enriqueça culturalmente. Estes procuram lugares pouco freqüentados, onde o turista de massa não vai, portanto o impacto ambiental é menor. Conforme visto no livro “A cabeça bem-feita” este turista não se contém com pouca informação, querem detalhes, querem conhecer as peculiaridades que muitas vezes não estão nos livros de história ou outro qualquer, querem fazer conexões com os fatos históricos e entender a realidade local. No dia 10/05/2010 tivemos uma palestra com um turista que esteve em países como Argentina, México, Peru, Espanha, Estados Unidos entre outros, e pudemos comprovar o que é um turista de vanguarda. Rodrigues (palestrante) se encantou com a cultura do Peru, com a organização do transporte na Espanha, e também a história de cada lugar. Este turista procurou conhecer detalhes e peculiaridades dos países, fazendo conexões entre a história e o mundo atual.


Leandro da Costa Moreira - 2º ano de turismo - Faibi

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