terça-feira, 18 de maio de 2010

Saber, Poder e Conectividade

O problema com todos os temas e assuntos tratados nos textos é que, depois de ler cada um deles e revermos, milhares de pensamentos, cheio de inconformismo e certa angustia com todo sistema, as pessoas do meio em que vivemos e o mundo, nos faz analisar e ver, porque são tantas idéias e opiniões que se passam pela cabeça que é difícil focar em um só e expressar isso. Fazer uma síntese de tudo se torna quase impossível, enfim, algo que percebe-se em todos os textos é que é impossível dissociar um do outro, todos estão interligados e se relacionam, não dá pra falar de um assunto sem envolver o outro, tudo está ligado, conectado. Cada um dos temas, funciona como um elo de ligação muito complexo, um Rizoma mesmo que é “um sistema aberto, que não começa nem conclui; ele se encontra sempre no meio, entre as coisas (...)”. Acho que é assim no mundo todo, no Turismo, na política e no desenvolvimento, todos nunca param de ‘funcionar’ e cada pessoa representa um papel importante na sociedade, mesmo sem saber, todos nós fazemos parte de uma rede de conexões onde, sabe mais quem tem Poder, ou tem poder quem sabe mais?
O que vemos hoje são pessoas, organizações, que possuem esse ‘poder’ em suas varias dimensões e isto está presente em todas as esferas sociais, todas mesmo. O fato é que desde que nascemos é essa tal de Ideologia ou Produção de Subjetividade, que está ai como um ‘pai’ para mostrar a toda sociedade o que é verdadeiro e falso, os padrões de vida, como devemos fazer e viver, o que temos ou não que fazer, ta ai, somos moldados pra agir de tal forma, todos iguais. Como se fosse uma roda gigante, com todo mundo dentro e que fica rodando, a nossa volta, aqui mesmo, bem do nosso lado, todo mundo faz a mesma coisa, sempre. Não há uma mudança, ninguém produz algo diferente, mas sim, reproduz e vai se adaptando conforme o tempo e as tendências se modificam, então se você não fizer parte disso, se você não aceitar as regras e comprar as mesmas roupas, usar os mesmos sapatos, tomar a mesma Coca Cola, viajar pra Porto Seguro na formatura do terceiro ano, escutar a banda do momento, assistir Big Brother... Enfim, você não vai entrar nessa roda gigante e digamos assim, ficará à margem da sociedade.
Hoje, com toda essa globalização, avanços tecnológicos e maior rapidez em tudo, inclusive nas conexões com outras pessoas, o que prevalece é o individual, o ‘Ter’ e não o ‘Ser’. Enquanto o mundo se acaba em destruições e disputas pelo poder, enquanto quem deveria cuidar do que é nosso, estão fazendo exatamente o contrario e saindo impune, a maioria das pessoas, sequer sabem em que votou na ultima eleição. Mas se você perguntar sobre a novela das oito, ela saberá responder. Ou seja, enquanto ta tudo errado, as pessoas se preocupam com o ultimo capitulo da novela. Como mudar isso? Como fazer uma pessoa que aceita tudo que os meios de comunicação nos mostram, essas verdades todas mastigadas e vomitadas através da imprensa que querendo ou não é uma forma de poder, como tomar consciência disso tudo.
No ensino, por exemplo, nas escolas, é igual o clipe do Pink Floyd, o aluno senta, ouve e decora tudo que lhe é dito. Se por um lado sentamos e decoramos fatos, histórias e etc, por outro não somos capazes de interligá-los e é ai que podemos citar uma das partes mais importantes em minha opinião do texto de Edgar Morin, onde é preciso saber o que se deve saber, porque “Mais vale uma cabeça bem-feita do que uma cabeça bem cheia” onde há tanta informação que a pessoa acaba se afogando nelas, todo esse desafio de complexidade onde chega-se a tal ponto de focalizar, somente num assunto especifico como um Doutor ou algum mestrando, por exemplo, a pessoa acaba se perdendo nisso, nesse buraco, onde analisa-se uma parte sem relacioná-la com o todo, desfragmentada.
Não só na educação como todas as formas de poder têm a função de adestrar as pessoas e toda sociedade, mantendo nós ligados a um esquema sem questionar nada. É preciso não que se decore, mas sim que se ensinem as pessoas, crianças, alunos e todas as pessoas. A ligar esses fatos ao hoje, ao agora, para que assim possamos entender o mundo como uma construção onde somos agentes modificadores que criam e desenvolvem nossos próprios pensamentos podendo assim discordar e discutir afinal é isso que promove o conhecimento e a troca deles.
Agora, depois de tudo isso, se formos falar sobre o Turismo, o que temos? Como todos esses questionamentos, complexidades e conexões, têm haver com essa área que foi se desenvolvendo e se firmando à base que o capitalismo se consolidou como sistema de mercado?
Bom, percebe-se que tudo. O turismo é mais uma ferramenta, que nas mãos de quem possui certo poder ou pode influenciar as pessoas é algo que pode ser explorado, pois se pega um modelo e vai se reproduzindo sempre a mesma coisa, sempre os mesmo tipos e isso vira uma tendência, onde há uma certa mundialização das coisas, porque um lugar possível em se tornar destino turístico é tomado por empresas e firmas de grande porte sem planejamento ou programas de desenvolvimento local que simplesmente, passam por cima da identidade de um povo e ai, perde-se a cultura local dentro do turismo, a identidade cultural que é a sua essência é atropelada por essas tendências globais, não há interação e produzir com o outro perde-se toda sua importância.
Dessa forma, o caminho pra uma mudança só depende de nós mesmo, como já foi dito, é preciso que primeiro, haja uma “Mudança Mental”, dentro de nós mesmo para depois promover uma “Mudança Social” porque toda forma de saber é uma forma de poder, sim. Só é preciso saber usar isso. Porque se cada pessoa tiver consciência e souber da sua importância, ela não servira como objeto de manipulação de ninguém, isso é a verdadeira revolução.
Pra finalizar, temos um trecho de um livro chamado Clube da Luta de Chuck Palahniuk e o filme homônimo, que descreve de uma maneira bem ‘clara’ digamos assim, a realidade em que vivemos e a condição em que a maioria das pessoas se encontram: Alienadas e a mercê de quem vê nisso uma ferramenta pra impor todo seu poder :

“Vejo todo esse potencial, e vejo ele desperdiçado. Que droga, uma geração inteira enchendo tanques de gasolina, servindo mesas, ou escravos do colarinho branco. Os anúncios nos fazem comprar carros e roupas, trabalhar em empregos que odiamos para comprar as porcarias que não precisamos. Somos uma geração sem peso na história, cara. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Grande Guerra. Nem uma Grande Depressão. Nossa Grande Guerra é a guerra espiritual... nossa Grande Depressão é nossas vidas. Todos nós fomos criados vendo televisão para acreditar que um dia seríamos milionários, e deuses do cinema, e estrelas do rock. Mas nós não somos. Aos poucos vamos tomando consciência disso. E estamos muito, muito revoltados. (...)”


FRANCIS CRISTIANE MARIA

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